Assessor do deputado federal Ronaldo Carletto (PP) e alvo de condução coercitiva de Operação da PF.

Redação - 31/08/2018 - 08:30


O assessor e braço direito do deputado Federal Ronaldo Carletto (PP), Vivaldo Góis de Oliveira é alvo de condução coercitiva no âmbito da Operação Condotieri, deflagrada nesta quinta-feira (30/08) pela Polícia Federal para desbaratar esquemas de fraude eleitoral em Vitória da Conquista.

Vivaldo além de auxiliar do parlamentar, ele foi presidente do Pros na Bahia. Segundo a Polícia Federal, uma arma Taurus foi apreendida na casa do dirigente e muito material. “Também foram apreendidos documentos que a gente já esperava”, disse o delegado Daniel Justo Madruga.

O vereador de Vitoria da Conquista, Rodrigo Moreira (PP), integrante do braço político do esquema, foi afastado do cargo. Então candidato em 2016, o pepista teria oferecido emprego a eleitores no novo presídio de Vitória da Conquista, que estava prestes a ser inaugurado, em troca de apoio na campanha e de votos.

O esquema, informa a PF, envolvia empresas privadas contratadas pelo setor público municipal e estadual e a 4ª Coordenação Regional de Trânsito (Ciretran), onde o parlamentar atuou como coordenador-geral antes de ser eleito.

Por decisão judicial, Moreira foi afastado do cargo nesta quinta-feira (30). A Câmara de Vereadores de Conquista informou, por meio de nota, que já acatou o afastamento do parlamentar, que está em seu primeiro mandato.

Rodrigo Moreira, 39 anos, e outros cerca de 40 envolvidos diretamente no esquema – entre pessoas físicas e jurídicas – tiveram R$ 420 mil em bens e valores em conta bancária bloqueados por determinação da Justiça Federal.

Os valores, diz a polícia, são referentes a transações ilegais da campanha eleitoral que elegeu Moreira, filho do ex-presidente da Câmara, Gilzete Moreira, envolvido no esquema, assim como o advogado Matheus Moreira, irmão do vereador e que também já foi coordenador da 4ª Ciretran.

A polícia apreendeu diversos documentos na casa e no gabinete do vereador Rodrigo Moreira, na Câmara Municipal de Conquista. O CORREIO DABAHIA não conseguiu falar com o parlamentar. O gabinete dele está fechado e um número de telefone celular fornecido por um assessor legislativo como sendo do vereador não atendeu.

O advogado Gutemberg Macedo informou que acompanhou apenas o depoimento do ex-vereador Gilzete Moreira, mas que não teve acesso ao processo, por isso não poderia falar sobre as acusações. O Detran da Bahia também foi procurado para comentar, mas não respondeu.

Além do vereador Rodrigo Moreira, do pai  e o irmão estão envolvidos no esquema o assessor Vivaldo Góis de Oliveira do deputado federal Ronaldo Carletto, um ex-deputado estadual da Bahia, assessores, o ex-diretor do 4º Ciretran Javan Rodrigues, membros da empresa Socializa, que administra o novo presídio de Vitória da Conquista e sócios administradores do consórcio Zona Azul, responsável pelos estacionamentos no trânsito da cidade.

A Polícia Federal informou que os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, corrupção ativa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica, patrocínio infiel e estelionato.

“No esquema, constatamos que eles colocaram até um beneficiário do programa federal Bolsa Família para ser doador da campanha, usando-o como laranja. Esse beneficiário, depois, perdeu o benefício e eles mesmos continuaram a pagar o mesmo valor para que não ficasse sem receber nada”, disse o delegado federal Rodrigo Kolbe, responsável pelas investigações, iniciadas no final do ano passado.

O delegado informou que duas empresas de fachadas – uma gráfica e uma locadora de veículos – foram criadas para emitir notas frias e transparecer que estavam prestando serviços legais de campanha ao suposto grupo criminoso.

 “Essas pessoas que ocuparam esses cargos são as que conseguiram determinado número de votos para a campanha do vereador, em troca de terem seus empregos depois, o que configura a compra de votos”, disse o delegado Kolbe.

O delegado disse ainda que há fortes suspeitas de fraude na licitação que resultou como vencedora o consórcio que administra a Zona Azul de Vitória da Conquista – as buscas no Rio de Janeiro são referentes a dois empresários que administram o consórcio.

Esses empresários, inclusive, já foram alvos da operação Calicute, da Polícia Federal e que representou a 37ª fase da operação Lava Jato, de combate a esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa em obras do Rio de Janeiro.

Nesta quinta-feira, a Polícia Federal protocolou solicitação de documentos referentes à concorrência pública nº 001/2014, na qual a empresa-consórcio Vitória da Conquista Rotativo (Zona Azul) sagrou-se vencedora.

O consórcio-empresa tem como administrador Norberto Fernandes Neto e como sociedade consorciada a Construtora Zadar, a Expark Soluções em Trânsito, a Locpark Participações Eireli e a Setaco Engenharia Eireli. O telefone que consta na Receita Federal como sendo da gerência do consórcio deu inexistente.

A operação desta quinta-feira, batizada de Condotieri, é uma alusão à obra do clássico político “O Príncipe”, do filósofo italiano Nicolau Maquiavel, que viveu entre os séculos XV e XVI.

Na obra, uma das teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e que serve de guia para como se chegar e manter-se no poder, os condotieri (mercenários) eram contratados pelos governantes com o intuito de obter conquistas territoriais na península Itálica do século XVI, utilizando-se de força ilegítima e sem qualquer ética política, sob o argumento de que os fins justificam os meios.

 “Era mais ou menos dessa forma que os políticos envolvidos no esquema se sentiam, tratando a coisa pública como um bem privado, onde colocavam no cargo quem quisessem, fazendo o contrário quando bem entendessem”, afirmou o delegado Rodrigo Kolbe.

Em nota, a Prefeitura de Vitória da Conquista, destacou que a operação não tem “nenhuma ligação com o Executivo Municipal” e que “manifesta apoio e colaboração com o trabalho da Polícia Federal e se coloca à disposição caso haja necessidade de alguma informação”.

O presidente da Câmara de Vereadores Hermínio Oliveira (PPS) declarou, também por meio de nota, “esta Casa está contribuindo com as investigações e todas as medidas estão sendo tomadas para que seja mantida a integridade da Câmara, de seus funcionários e vereadores”.

“Além disso, estamos cumprindo todas as solicitações da Justiça e, nesse momento, o parlamentar em questão se encontra afastado de suas funções por determinação judicial”, sublinhou.

A operação chegou também no  gabinete do ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Clóvis Ferraz (PSD), onde  foi alvo de busca e apreensão.

A operação, com mais de 100 policiais envolvidos, cumpriu 29 mandados de busca e apreensão, 23 mandados de medidas cautelares diversas da prisão e 61 mandados de intimação nos municípios baianos de Vitória da Conquista, Itabuna, Wenceslau Guimarães, Salvador e Lauro de Freitas, além do Rio de Janeiro (RJ) e Cuiabá (MT).

Fonte Correio da Bahia

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