Assessor investigado fez doação de R$ 140 mil a secretário de Haddad (PT).

folha de são paulo - 21/11/2013 - 06:56


SÃO PAULO - A Controladoria Geral do Município investiga um assessor especial da Secretaria de Desenvolvimento,Trabalho e Empreendedorismo da gestão Fernando Haddad (PT) por suspeita de enriquecimento ilícito e de manter relações com a máfia do ISS (Imposto Sobre Serviços).

O assessor especial, Tony Nagy, doou R$ 140 mil para a campanha a vereador de Gabriel no ano passado, quando era assistente parlamentar dele na Câmara. Desse montante, R$ 110 mil foram doados em dinheiro.

Gabriel diz não saber quanto ele ganhava no ano passado. Mas cargo similar ao que ele ocupava recebia cerca de R$ 2.000 líquidos por mês --ou seja, seria preciso cinco anos e oito meses sem gastar um centavo para fazer uma doação de R$ 140 mil.

Só para se ter uma ideia do porte da doação de Nagy, o Itaú-Unibanco, o segundo maior banco do país, contribuiu com R$ 30 mil na campanha de Gabriel, que consumiu um total de R$ 1 milhão.

A lei prevê que uma pessoa física pode doar no máximo 10% dos seus rendimentos brutos no ano anterior à eleição. Por essa regra, Nagy teria de ter ganhos brutos de R$ 1,4 milhão em 2011.

Atualmente, Nagy recebe um salário bruto de R$ 4.852, mora numa cobertura avaliada em R$ 1,5 milhão na Vila Romana (zona oeste) e, eventualmente vai trabalhar com um carro novo da BMW, segundo funcionários da secretaria ouvidos pela Folha.

Nagy diz ser especialista em regularização de imóveis, Plano Diretor e em operações urbanas. Eliseu diz que foi por essa razão que o chamou para trabalhar em seu gabinete. Diz que conhece Nagy "há muito tempo" e que desconhece exatamente quais são as atividades extras dele.

A família de Nagy tem uma empresa chamada Aprov Projetos e Regularizações de Documentos Ltda. No ano passado, figuravam como sócios os dois filhos de Nagy, Nathalie e Bruno. O pai assina como testemunha papeis da empresa na Junta Comercial.

Nathalie diz em sua página no Facebook que mora em Vancouver, no Canadá. O irmão vive na cidade, mas se apresenta como presidente de uma empresa que faz aplicativos para celulares.

Já o pai foi ouvido numa comissão da Câmara que preparava o Plano Diretor, em 2010, como especialista em zoneamento urbano e outorga onerosa, operação em que uma incorporadora paga à prefeitura para construir mais do que seria permitido pela legislação.

A secretaria para a qual Nagy trabalha hoje cuida também da aplicação de recursos de operações urbanas e de projetos estratégicos da prefeitura, como a geração de empregos na zona leste.

Uma das suspeitas investigadas pela prefeitura paulistana é que Nagy teria agido como intermediador entre as incorporadoras e os fiscais presos sob acusação de cobrarem propina para reduzir o valor do ISS de imóveis.

Quatro fiscais foram presos no último dia 30 sob acusação de terem provocado um prejuízo de R$ 500 milhões para os cofres públicos.

A advogada Verônica Horle Barcellos, irmã de Eduardo Barcellos, um dos fiscais presos, também trabalhou no gabinete de Gabriel. Barcellos era o responsável no grupo por manter contatos com políticos, segundo a Folha apurou.

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