Nesta terça-feira, 23 de Maio, moradores do interior de Porto Seguro na região do Distrito de Monte Pascoal, denunciaram que a estrada que liga aquela comunidade, situada às margens da BR-101, a Caraíva e Trancoso, Município de Porto Seguro, está sendo surrada por caminhões de alto porte, estilo “julieta” no transporte eucalipto para a empresa Veracel Celulose.
“Eu conheço a região há mais de trinta anos, tenho propriedade entre o Distrito de Monte Pascoal, território de distrito de Itabela e o povoado de Caraíva, adoro este lugar, mas veja o que fizeram: o plantio de eucalipto foi efetivado, com a colheita das árvores, muitas carretas de alto porte trafegam pela estrada da região, e a estrada de Caraíva e outras, não tem estrutura para suportar tais veículos de transportes. Hoje agente ver que a estrada está acabada, pontes quebradas, a estrada afundando porque, eu repito, não tem estrutura para suportar caminhões deste porte; outra situação, o plantio é feito a meio metro das estradas o que dificulta iluminação solar e assim o acumulo de aguas nas estradas compromete a estrutura das estradas e dificulta ao cesso do produtor” reclama o produtor José Souza.
Perguntado sobre as ações da Veracel, com melhoria de estradas e cuidados com o meio ambiente, ele responde: “ Realmente ela faz o patrolamento, mas para suas atividades com a extração da madeira. Após o corte, eles retiram as máquinas e só voltam quando tem outro corte de madeira na localidade, e isso pode durar até 5 anos; quanto as ações sociais da empresa na região e zero,” conta.
“O plantio de eucalipto gera pouquíssimos empregos ou quase nada no município e depois nos causa esse transtorno, deixando ponte com a sua estrutura totalmente comprometida, e as estradas nas condições que se encontram e os produtores com seus carros atolados nos dias de chuva” comenta.
Outro fator preocupante e que já está deixando os produtores nervosos é que a partir de julho a empresa iniciará corte de madeiras na região e quem vai sair perdendo e toda a comunidade porque todos aqui dependemos da estrada e a empresa concertam más após a extração abandona a localidade, Informou José.
O Secretário de Agricultura da Prefeitura de Itabela, Senhor Jinival Miranda, informou que está consertando as estradas do interior de Itabela e do município vizinho, onde tem grande produção de café, que todos os anos são trazidos e vendidos no munícipio de Itabela. “A prefeitura realizará as obras necessárias na maior brevidade possível, desde cascalhamento de áreas criticas, até reforma de pontes; já tem uma máquina trabalhando na recuperação da estrada, todo o material destas obras será cedido pelo munícipio em parceria com os produtores”.
A reportagem do Site Giro de Noticias esteve no local citado e constatou diversas irregularidades por parte da empresa, a exemplo de plantio muito próximo das nascentes, plantio de arvores em baixo das redes de energia elétricas, há meio metro de estradas e o uso de produtos agrotóxicos e herbicidas no cultivo, que impedem o desenvolvimento de qualquer outra forma de vida na região, como plantas, insetos e animais.Matéria-prima do papel, a celulose é produzida no Brasil e exportada para vários países. Por isso, não é raro ver florestas de eucaliptos ao longo das estradas brasileiras, principalmente nos estados do Espírito Santo, de São Paulo, Minas Gerais e no Sul da Bahia.
Apesar de parecerem uma solução ecológica para a produção de celulose, essas plantações escondem dados alarmantes de poluição e desertificação do solo. “A ideia de floresta de eucalipto é extremamente perversa porque oculta o que é, uma monocultura, não de soja ou de cana de açúcar, e sim de árvores. Por isso, foram taxadas pelo grande ambientalista brasileiro Augusto Ruschi de ‘deserto verde’”, explica o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Marcelo Firpo, coordenador do Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil.
O eucalipto é uma árvore que cresce muito rápido, e por isto, consome uma quantidade enorme de água. Como consequência, ocorre o secamento de córregos e lagoas de áreas onde a monocultura é realizada. Quando o solo está seco, as raízes das árvores vão buscar águas cada vez mais profundas, afetando os lençóis freáticos, que são como lagoas debaixo da terra.
Mesmo com todo o impacto ambiental, existem grupos que tentam caracterizar a cultura do eucalipto como um reflorestamento, que vai capturar carbono, e por isto mereceria financiamento internacional, através do mecanismo de desenvolvimento limpo do crédito de carbono. “A indústria quer ganhar dinheiro produzindo eucalipto no processo industrial, para gerar celulose e ainda ganhar um benefício do financiamento do crédito de carbono, mas isso não pode ser feito sem que seja discutido um pacto socioambiental global da expansão desta monocultura”, acrescenta o pesquisador.
O mundo virtual é outro aliado na diminuição da demanda por papel, já que a sociedade contemporânea está se acostumando a ler informações online, mandar correspondência por e-mail e até baixar livros inteiros pela internet. Tudo isso sem a necessidade de derrubar nenhuma árvore.Os produtores rurais da Região, já externam preocupações com as consequências que o plantio e manejo desordenado de eucalipto começam a provocar, desde a agressão ambiental e comprometimento da estrutura das estradas até a descaracterização natural das áreas em que essa cultura predomina, de forma que é preciso o Poder Público rever a legislação que autoriza essas atividades no Município, sem considerar as particularidades das comunidades.