Candidatos terão o desafio de conquistar um eleitorado mais exigente

redação - 25/08/2014 - 16:43


Brasil - As manifestações de junho de 2013 mostraram um brasileiro insatisfeito. Os avanços que deram uma chance nova de ascensão social a milhares de pessoas e abriram as portas do consumo são conquistas valorizadas, mas o eleitor quer mais. Daí o anseio de mudança captado pelas pesquisas que ainda não se refletiu bem nas intenções de voto. Com a largada da campanha eleitoral, os candidatos terão de convencer brasileiros cada vez mais exigentes de que são capazes de vencer o desafio das ruas: entregar serviços públicos de qualidade.

Nos últimos 20 anos, o tamanho da economia brasileira medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) praticamente dobrou, posicionando o país entres as dez maiores potências econômicas do mundo. A taxa de desemprego, que chegou perto de 12% em 2002, agora se mantém abaixo do patamar de 6%. A valorização do salário-mínimo já conta quase 180% em duas décadas. Tudo isso reduziu as desigualdades e ampliou o conforto das famílias. Mas a realidade do cidadão quando pisa fora de casa é bem diferente.

Não foi à toa que os protestos do último ano começaram na insatisfação com o transporte público. O cotidiano de milhares de pessoas que desperdiçam horas no trânsito das grandes cidades do país é uma evidência diária das deficiências de serviços essenciais. Logo as passeatas trataram de esclarecer que a revolta não era apenas pelo reajuste de R$ 0,20. Muitas outras demandas surgiram. As inscrições de cartazes que pediam escola e hospital "padrão Fifa", numa referência às exigências que o governo cumpriu na construção dos estádios para a Copa do Mundo com financiamento público, eram um recado claro: não bastam mais equipamentos públicos. Eles precisam ser úteis e funcionar bem.

Por isso, a cobertura das eleições do GLOBO este ano vai privilegiar essa perspectiva. Reportagens vão investigar o que impede o aprimoramento de serviços essenciais, como mobilidade, saúde e educação - objetos dessa primeira - e examinarão que inovações os candidatos propõem para melhorar a vida das pessoas de forma mais abrangente. Na disputa presidencial, a presidente Dilma Rousseff (PT) vai defender como pode aprimorar as ações de

Um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) localiza o Brasil entre os 30 países de maior carga tributária no mundo. É o último da lista na relação entre impostos e desenvolvimento social. Para uma sociedade que entrega ao governo 36% da riqueza que gera, é crescente a sensação de que muito pouco é recebido de volta em serviços públicos.

O brasileiro sempre foi relapso em relação à aplicação dos recursos dos impostos, até porque não percebe o tributo embutido no consumo. Mas a conscientização aumenta e também a impaciência. As pessoas não querem mais esperar pelo que sabem que têm direito - diz João Eloi Olenike, presidente executivo do IBPT.

Para o economista Claudio Frischtak, ex-Banco Mundial, há no Brasil uma dificuldade crônica de planejamento e execução no setor público que impede governantes de cumprir expectativas que eles mesmos geram. Na maioria dos casos, não falta dinheiro. O problema é gestão.

Há um mal-estar, que não está concentrado apenas nas classes média e alta. Existia uma expectativa de que, após a conquista de bens individuais, o segundo passo seria o acesso a bens coletivos. Isso não aconteceu. As demandas cresceram, e o país não acompanhou - diz Frischtak, autor de um estudo que propõe o investimento em infraestrutura e serviços públicos como estratégia de crescimento econômico. - A Copa, vendida como um instrumento de modernização da infraestrutura do país, é um exemplo de expectativa gerada, cuja frustração pode ser explosiva.

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