Enquanto as regras permitiam, praticamente todas as perguntas eram dedicadas ou à petista ou à pessebista

redação - 02/09/2014 - 15:14


Em mais um debate entre os candidatos à presidência da República, desta vez no SBT, as discussões, como era de se prever, se concentraram nas duas primeiras colocadas nas pesquisas eleitorais: Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). Dividido em três etapas, o debate permitia que os presidenciáveis fizessem perguntas uns aos outros com direito a réplicas e tréplicas, e também que fossem questionados por jornalistas do grupo que organizou o debate: SBT, Folha de S. Paulo, Portal Uol e Jovem Pan.

Enquanto as regras permitiam, praticamente todas as perguntas eram dedicadas ou à petista ou à pessebista. E isso se valeu, inclusive, para os diversos questionamentos direcionados de uma para outra.

A primeira pergunta foi da presidente Dilma, que elencou promessas de campanha de Marina, como medidas para aumento do Produto Interno Bruto (PIB), incremento no repasse de recursos para os municípios e passe livre estudantil. Nas estimativas da presidente, o total necessário para isso seria de R$ 14 bilhões. “Da onde viriam os recursos?”, perguntou.

Marina ressaltou que o povo brasileiro paga impostos altíssimos e pontuou que o governo federal atua desperdiçando recursos públicos. “O povo paga caro pelas escolhas erradas do governo”, criticou. “Nós vamos fazer as escolhas certas.”

Respondendo a um questionamento de Eduardo Jorge (PV), que afirmou que os presídios brasileiros atualmente se parecem com “campos de concentração nazistas”, Dilma relatou ter transferido aos governo estaduais o montante de R$ 1 bilhão para modificações e construções de novas penitenciárias, além de outros R$ 17,6 bilhões na Segurança Pública, priorizando a integração das policias e operações nas fronteiras.

Falando de economia, Marina Silva pontuou a alta inflação e baixo crescimento do PIB da atual gestão e questionou a presidente: “O que deu errado no seu governo?”. A resposta de Dilma se baseou, em seus próprios termos, no que “deu certo no governo”. “Tiramos 36 milhões de pessoas da pobreza.”

Sobre os problemas econômicos, a petista enfatizou acreditar que tratam-se de fenômenos passageiros, que teriam tido grande influência da má situação da economia em países como Estados Unidos, Alemanha e Japão. A resposta de Marina foi incisiva: “A presidente não sabe reconhecer seus erros.”

Já Marina teve que responder sobre a pouca importância que dá ao Pré-sal em seu programa de governo. Reforçando que os recursos advindos das reservas naturais são essenciais para mais investimentos em saúde e educação, Dilma queria saber por quê a pessebista menosprezava seu potencial.

A ex-ministra do Meio Ambiente declarou que o governo não pode centrar-se em apenas uma fonte de recursos, tanto econômicos, quanto energéticos. Ela disse que o Brasil deve investir mais em fontes de energias alternativas, especialmente a eólica. Dilma afirmou que o Brasil vai contar em breve com a segunda maior usina de energia desse tipo, e alfinetou à adversária dizendo que é preciso planejar com mais rigor a origem dos recursos para cumprir aquilo que se promete. “Não adianta usar frases de efeito e não se comprometer com nada.”

Provocada por Luciana Genro (Psol) se ela tratava-se de uma terceira via do PSDB, Marina reiterou que pretende recuperar o tripé da política macroeconômica e utilizar o que de melhor saiu dos últimos governos. “Vou manter as conquistas econômicas do governo do PSDB e as sociais do PT.”

Em seguida, teve que responder sobre a alteração em seu plano de governo, feito 24h depois de sua divulgação e pouco tempo após ameaças do pastor Silas Malafaia. O conteúdo corrigido tratava da implantação de leis voltadas para a comunidade LGBT. “O que houve foi um erro no processo de editoração. Eu defendo as liberdades individuais e o combate a qualquer tipo de preconceito”, respondeu, recebendo como resposta da socialista que os direitos humanos não são questões negociáveis.

A bola sobrou para Marina novamente quando perguntaram para Eduardo Jorge sobre qual era o PV real: o de 2010, quando a atual pessebista se candidatou pelo partido e que não levantava a bandeira pelo aborto e legalização das drogas, ou o de 2014, que tem essas questões como algumas de suas prioridades. O candidato explicou que esses temas sempre foram caros ao partido, mas em 2010 concessões tiveram que ser abertas para Marina.

“Ele explicou bem o que houve”, disse Marina. “Pedi uma cláusula de concessão a temas que eu particularmente não defendo”, declarou. Segundo ela, assuntos como o aborto deveriam ser tratados por meio de plebiscito. “Não satanizo ninguém. Quero o debate.”

Relegado ao segundo plano do debate eleitoral, Aécio Neves (PSDB) fez duras críticas ao governo federal, especialmente no que tange às políticas econômicas. Ele defendeu o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – apesar de reconhecer que muitos erros foram cometidos em sua gestão. O tucano declarou que é essencial que o país volte a controlar a inflação e voltar a crescer.

Luciana Genro, por diversas ocasiões, assinalou as semelhanças entre os três principais candidatos, pontuando que eles defendem o mesmo modelo econômico para o Brasil. Segundo ela, é preciso escolher um lado: “do capital ou dos trabalhadores”. A socialista defendeu a taxação de grandes fortunas, uma auditoria nas contas do país e o fim do fator previdenciário.

Pastor Everaldo (PSC) deu ênfase à questão da família. “Se a família está bem, a cidade está bem, o Estado está bem, o país está bem.” Reforçou sua posição contra o aborto, a legalização das drogas e o casamento igualitário. Questionado sobre as denúncias de que teria agredido uma ex-esposa, um caso em trâmite na Justiça, ele negou com veemência. “Nunca agredi uma mulher.”

Eduardo Jorge enfatizou seu discurso na legalização das drogas e do aborto, frisando que ele foi um dos primeiros a defender essas bandeiras quando foi deputado federal e estadual. Para ele, a primeira medida é essencial para minimizar o poder do tráfico de drogas e resolver os problemas penitenciários; a segunda, é uma questão de saúde pública. O candidato acredita que a maioria dos candidatos “não tem coragem de explicar que há políticas mais inteligentes”, referindo-se à aplicação dessas propostas. “Covardia”, bradou.

Por fim, Levy Fidelix (PRTB) defendeu o aumento do salário de policiais, o aumento de investimentos nas penitenciárias e no combate ao narcotráfico. Fez críticas ao fato de Marina ter como parceiros a banqueira do Itaú, Neca Setúbal, e da Natura, Guilherme Leal, que respondem por sonegação.

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