Os trabalhadores denunciam que têm sofrido perseguição e ameaças de pessoas ligadas a multinacional Veracel Celulose – uma das maiores produtoras de celulose do Brasil. O fato chegou ao conhecimento da imprensa no final da última semana, quando foi cumprida uma ordem de despejo das 74 famílias acampadas em uma área localizada as margens do Rio Buranhém, região conhecida como estrada do “cavaco seco” no Município de Eunápolis.
Já dura mais de dois anos o processo de resistência de um grupo de trabalhadores rurais sem terra que ocupa a área de cerca de 434 hectares na zona rural de Eunápolis, município do extremo Sul da Bahia, a mais de 600 quilômetros da capital Salvador. Entre crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, cerca de 150 pessoas vivem no local denominado, associação remanescente (nome dado ao acampamento) com a expectativa de ter garantido a terra própria.
Porém, os problemas enfrentados pela comunidade para conseguir realizar o sonho têm sido muitos e bastante árduos. Desde que chegaram ao acampamento, eles têm tentado convencer o Governo do Estado da Bahia a assinar o documento oficial de doação do terreno, já que toda a área estava improdutiva. Ou seja, o acampamento está localizado em terras que pertencem a empresa Veracel, mas não vinha produzindo nada há mais de 7 anos, diz um assentado
Segundo o trabalhador e Ex-Presidente da Associação Remanescente, Gildazio Dutra de Souza ligado a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar – (FETAF) têm lutado contra um inimigo forte e poderoso: trata-se da Veracel Celulose – uma empresa multinacional, com sede na Europa, nos países Suécia e Finlândia, e que figura atualmente como um das maiores produtoras de celulose do Brasil. Com cerca de 300 mil hectares de área ocupada entre oito municípios do extremo Sul baiano, a empresa tem devastado as terras do extremo Sul da Bahia com a monocultura do Eucalipto.
Gildazio reclama da forma que a empresa agiu quando assinou a justiça e conseguiu uma ordem de despejo datada em 2014, cumprida no último dia 20 de janeiro de 2016. A empresa ordenou que funcionários da uma prestadora de serviço da mesma, Plantar, derrubassem barracos e cortassem plantação sem dar tempo para que os trabalhadores pudessem salvar parte de suas plantações e retirar os poucos bens que possuem.
Outra reclamação do trabalhador é o fato que a empresa despejou as 74 famílias que já estavam estaladas na área para recolocar outras familiais da FETAG. “É justamente aí que está iniciando um conflito agrário, a empresa perseguir os trabalhadores rurais da localidade para colocar no local, outras famílias de acampamentos em outras áreas de terra da empresa ocupadas há anos, a exemplo de um assentamento na divisa entre Eunápolis e Itabela, o que não é compreendido”, disse Gidazio
Segundo o denunciante, há pequena extensão de terra dentro da área da multinacional tinha muitas benfeitorias, como plantação de feijão, mandioca, café, urucum e grande produção de banana já próxima a ser colhida. “Mesmo dispostos à negociação a empresa não demostrou interesse a negociar com os moradores e preferiu expulsar os trabalhadores da região”, reclama ao denunciante.
A Redação do Site Giro de Noticias recebeu informações que outras famílias de assentamentos da FETAG-BA (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura no Estado da Bahia) acampadas em áreas da Veracel está sendo remanejadas para a localidade onde houve o despejo.
Prova disso, o Sr. Wellington Santos presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itabela acompanhou a ordem de despejo e continua dentro do acampamento com cerca de 100 famílias só esperando a saída das familiais para ocupar a área de comum acordo com a Veracel Celulose.
No meio de toda essa confusão os trabalhadores do acampamento localizado na fazenda Amazonas perderam toda as sua benfeitorias de alimentos que chegariam a mesa dos trabalhadores. A partir de um macro projeto de Sustentabilidade Econômica, os acampados trabalharam de forma organizada e sistemática para garantir a sustento de suas famílias, mas perderam tudo sem direito a nada.