Delator: Mônica Moura está no top 5 de recebedores da Odebrecht

redação - 25/03/2017 - 06:58


Em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na ação contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, o ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas explicou como era a relação da empreiteira com Mônica Moura, mulher e sócia do marqueteiro João Santana, e a rotina de pagamentos em caixa dois feitos ao casal. Mascarenhas chefiou de 2006 a 2015 o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como “departamento da propina” da empresa.

No depoimento à Justiça Eleitoral, ele diz que a mulher de Santana era a interlocutora do casal junto à Odebrecht e que ela estaria no “top five”, entre os cinco maiores recebedores de dinheiro do setor de propinas. O ex-executivo estima que tenham sido pagos a Mônica, identificada com o codinome “Feira” nas planilhas da empreiteira, entre 50 milhões de dólares e 60 milhões de dólares.

Segundo o delator, o casal recebeu pagamentos referentes às campanhas presidenciais de 2010 e 2014 e na eleição municipal de 2012. “Tinha diretores de obras no exterior, diretores que aprovavam indicações, aditivos, etc, que recebiam fortunas também. Com um detalhe, lá eles recebiam para eles, bolso, e aqui muitas vezes era para eleições, campanhas, etc”, narra Mascarenhas, sobre os outros integrantes do topo do ranking de pagamentos da Odebrecht.

 “Existia uma conta corrente onde foi aberto um crédito de X para o ‘Italiano’ por ele ter apoiado a empresa em determinada coisa. Aquele dinheiro que tinha aberto crédito não ia para ele, ficava para ele usar na medida em que o partido dele, que era o PT, necessitasse. Então pagar ao marqueteiro da campanha de Dilma é uma necessidade do PT. Então ele autorizava: ‘Preciso pagar dez milhões ao dr. João Santana’. João Santana nunca apareceu, sempre quem aparecia era a dra. Mônica Moura, que essa eu botei o codinome”, descreve o ex-executivo.

Hilberto Mascarenhas explicou que os pagamentos ao marqueteiro não foram feitos só em relação a campanhas políticas no Brasil, mas também a serviços no exterior. “Pessoas de países que nós trabalhávamos, como Angola, Panamá, El Salvador, queriam eles na campanha deles. E eles diziam: ‘Só vou se a Odebrecht garantir o pagamento’. Então sobrava para a gente pagar, não é? O responsável pelo país lá, nosso diretor de país, assumia o ônus de pagar a campanha que eles iam fazer para esses países”, relata.

Segundo Mascarenhas, os valores eram sempre “bastante grandes” e Mônica Moura exigia que parte fosse paga no Brasil, com a justificativa de que tinha que pagar serviços feitos no país e funcionários. No Brasil, os valores eram pagos em espécie. Tanto no país quanto no exterior, os pagamentos eram feitos em datas próximas a eleições.

O advogado Juliano Campelo Prestes, que representa Mônica e João Santana, disse que só pode se manifestar após ter acesso à integra dos depoimentos.

(com Estadão Conteúdo)

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