O Departamento de Polícia Técnica (DPT) da Bahia informou, nesta quinta-feira (21/09), que a Coordenadoria Regional de Polícia Técnica de Porto Seguro recebeu um ofício do Ministério Público (MP-BA) com perguntas complementares sobre o laudo médico da adolescente Hyara Flor, de 14 anos.
O documento com novas questionamentos para a Polícia Civil foi enviado após um parecer emitido por um perito contratado pela família da adolescente contestar a versão apresentada pela corporação, em agosto deste ano.
O inquérito concluiu que o disparo que matou a vítima foi feito de forma acidental pelo cunhado dela, uma criança de nove 9 anos, enquanto os dois brincavam com uma arma de fogo.
O perito forense, Eduardo LIanos, profissional de São Paulo, com 30 anos de experiência na área, esteve no local do crime, acessou o inquérito policial e concluiu que uma pistola calibre 380 não pode ter sido disparada por uma criança de 9 anos.
A advogada Janaína Panhossi, que representa a família de Hyara Flor, revelou que o parecer técnico foi entregue ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) no final do mês de agosto e dias e disse que o órgão pediu novas investigações para a Polícia Civil.
A assessoria do MP-BA informou que recebeu o parecer técnico da defesa, que foi juntado aos autos do inquérito policial, solicitou diligências complementares à perícia técnica e aguarda o retorno.
Para o perito forense, o fato de o marido de Hyara usufruir do direito de ficar em silêncio diante do interrogatório demonstrou uma atitude de defesa desnecessária, uma vez que uma testemunha teria dito estar junto no momento do disparo, além do cunhado ter confirmado ser autor do disparo que atingiu a vítima;
O perito forense também apontou que a falta de trabalhos periciais e investigativos com o objetivo de produzir provas objetivas e inquestionáveis "limita toda e qualquer tentativa de elucidar um crime".
A jovem cigana de 14 anos, Hyara Flor Santos Alves, foi assassinada a tiros no município de Guaratinga, no sul da Bahia, no dia 6 de julho de 2023. Na data havia uma suspeita de que ela teria sido morta pelo marido, um adolescente também de 14 anos.
De acordo com as informações da Polícia Militar, era por volta das 13h30, quando policiais militares da unidade foram informados que havia dado entrada no hospital municipal de Guaratinga uma adolescente de 14 anos, vítima de disparos de arma de fogo, que não resistiu aos ferimentos e foi a óbito.