A mãe do menino, Gabriel Moreira Ribeiro, de 10 anos, da cidade de Itabela, sul da Bahia, denuncia o descaso na saúde pública do estado. A mãe, Ayalla Moreira Ribeiro, que se encontra com o filho internado desde o dia 16 de outubro de 2024, conta que seu filho passou pelo Hospital Roberto Santos, em Salvador e hoje está internado no Hospital Estadual da Criança (HEC) de Feira de Santana.
Ayalla conta que vem enfrentando dificuldades para prosseguir com o tratamento da criança que foi diagnosticada em outubro de 2024, com um tumor na medula e passou por uma cirurgia mal sucedida no Hospital Roberto Santos, que o deixou tetraplégico. Ela e seu filho estão a quase um ano morando dentro de um hospital e o tratamento exigem mais dois anos.
Ayalla contou ainda, que no dia 11 de novembro, entrou em contato com a Secretária de Saúde do Município de Itabela, Wadila Cassiano, para solicitar uma ajuda de custo, uma vez que ela fica 24h ao lado do filho na UTI, precisando que a avó do menino vai para revezar com ela, mas a Secretária negou esse apoio que de acordo com Ayalla é um direito do paciente. “Minha prima que é enfermeira na cidade de Itabuna se dispôs a me ajudar, arcando por conta própria com toda as despesas” concluiu Ayalla
"Gabriel tá impossibilitado de fazer radioterapia porque é totalmente dependente de ventilador mecânico, precisa fazer 12 ciclos de quimioterapia, até agora só finalizamos 3 ciclos, precisamos ficar aqui por mais 2 anos, não temos condições de arcar com um aluguel para morarmos é muito caro, não temos como morar por mais 2 anos em uma UTI, Gabriel chora implorando por um lar, por uma alimentação melhor, por uma qualidade de vida que foi arrancada bruscamente dele, uma criança de apenas 11 anos preso, sem ao menos ter contato com a luz do dia"
"Sem falar que entramos em contato com a Secretária de Saúde de Itabela, Wadla Cassiano e com a Secretária de Ação Social, Vânia Santana para solicitar uma ajuda, minha mãe por diversas vezes foi até Flauzino e todos negaram, Gabriel é nascido e criado em Itabela e nada fizeram para nos ajudar, um absurdo"
"É muito difícil o que estamos vivendo, Gabriel podia tá em casa, estudando, brincando com os coleguinhas, tendo uma vida digna e hoje além de viver preso em um corpo, vive preso em uma UTI".
"Precisamos alugar uma casa aqui em Feira de Santana, até finalizarmos o tratamento oncológico, infelizmente aqui é a única cidade com o suporte que ele precisa, não posso trabalhar porque ele é totalmente dependente de mim, além dele precisar urgentemente de reabilitação"
"Tudo gera custos muito alto, se tivesse condições já teria arcado com tudo isso, tudo por causa de um ser que se diz profissional e que não vai parar por aí, quantas crianças ainda se tornarão vítimas".
"No dia 15 de outubro faz um ano que estamos vivendo em uma UTI por causa de um erro médico o qual poderia ter sido evitado se tivessem me ouvido. Meu filho tá sofrendo tanto, além de ter perdido os movimentos, vive preso, sem uma reabilitação pra ajudá-lo nos movimentos, com isso o tempo só passando e a nossa situação cada vez mais só piora", conta a mãe
"Pra completar aqui a gente vive preso sem poder sair, tendo que comer o que eles dão, como se tivéssemos cometido algum crime pra viver em cárcere privado. O que mais nos entristece é ouvir as autoridades de Itabela falando tanto em acolhimento e não pensa no psicológico dos acompanhantes" conclui a mãe emocionada
Relembra o caso
Gabriel estava internado no Hospital Luís Eduardo Magalhães em Porto Seguro, no dia 16 de outubro de 2024, ele foi transferido para o Hospital Roberto Santos em Salvador, logo que chegou em Salvador foi diagnosticado com um tumor na medula espinhal.
Mesmo contra a vontade da mãe, no dia 28 de outubro de 2024, foi feito a cirurgia para retirada do tumor, mas não foi retirado e o tumor continua no mesmo lugar, com isso o menino ficou tetraplégico e respirando através de ventilador mecânico, ele ficou por 34 dias na UTI do Hospital Roberto Santos, aguardando vaga para um hospital com atendimento oncológico e que possuísse UTI pediátrica.
Ainda segundo Ayalla, logo que ela chegou no Hospital Roberto Santos de Salvador, saiu uma vaga para o Hospital de Barretos em São Paulo, com totais condições de fazer o tratamento oncológico da criança, mas segundo Ayalla, o Hospital Roberto Santos negou essa regulação dizendo que no hospital Roberto Santos teria todo o aparato necessário para o caso do menino.
“Se no Hospital Roberto Santos não possuía tratamento oncológico, porque não deram a regulação para eu levar meu filho para o Hospital de Barretos em São Paulo, ou não transferiram ele para outra unidade que possuía o tratamento, meu filho entrou no Hospital Roberto Santos caminhando com as próprias pernas, apenas mancando da perna esquerda” reclama Ayalla Moreira Ribeiro a mãe da criança.
Ayalla entrou com processos contra o estado, o hospital Roberto Santos e o Médico responsável pela cirurgia. Ela também fez registro do caso na delegacia da criança em Salvador, a perícia foi negada, mas o caso foi registrado desde novembro de 2024, houve registro também, nas Defensoria Pública das 3 cidades e no MP de Salvador e de Itabela.