O deputado estadual Binho Galinha (PRD) é considerado foragido da Justiça. Ele foi alvo de mandado de prisão na manhã desta quarta-feira (1º), no âmbito da operação Estado Anômico. Até o final do dia, o parlamentar ainda não havia sido encontrado. A informação foi confirmada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Nove pessoas foram presas nesta quarta (1º). Entre elas, estão a esposa do deputado, Mayana Cerqueira da Silva, e o filho, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano. Ambos foram presos em 2023, e liberados pela Justiça em abril do ano passado.
As investigações apontam que o deputado é líder de uma organização criminosa envolvida em crimes de lavagem de dinheiro, jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada, comércio ilegal de armas e associação para o tráfico.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos em endereços residenciais nas cidades de Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos, além de um endereço comercial em Salvador. Mesmo sob medidas cautelares, o parlamentar manteve a liderança do grupo, utilizando empresas de fachada e “laranjas” para movimentar recursos, segundo a polícia. Quatro policiais militares também foram presos.
A Justiça determinou o bloqueio de até R$ 9 milhões em bens dos investigados e a suspensão das atividades de uma empresa usada para lavagem de dinheiro. A ação é um desdobramento da operação El Patrón, deflagrada em dezembro de 2023, que já resultou em denúncias do M-PBA contra 15 pessoas, incluindo o deputado e familiares. A defesa do deputado Binho Galinha não se manifestou publicamente até esta publicação.
A reportagem apurou que um assessor parlamentar, identificado como Marcel Vieira de Santana, foi alvo de busca e apreensão em sua residência em Feira de Santana. Em nota, a defesa de Marcel reafirmou a inocência do investigado.
"O investigado salienta que além de assessor parlamentar é empresário do ramo de sons automotivos e que nunca esteve envolvido em qualquer ação ilícita, sempre exercendo toda e qualquer atividade pautado pela ética e compromisso com a verdade e respeito às instituições", afirma.
Os crimes
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (1º), o delegado da Polícia Federal, Geraldo Almeida, falou sobre o caso. "Verificamos que os investigados estavam praticando o comércio ilícito de armas de fogo, como também havia investigado associado para o tráfico. Há diversas razões que levaram ao decreto de prisão preventiva dos investigados", disse. Segundo ele, os detalhes não podem ser divulgados para não prejudicar as investigações.
O parlamentar foi denunciado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), em fevereiro, como chefe de uma organização criminosa que atua na região de Feira de Santana há mais de uma década.
Em junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou os efeitos da operação El Patrón, que teve como alvo o deputado estadual. A decisão foi tomada pelo ministro Joel Ilan Paciornik, relator do caso. Porém, em agosto, uma decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), reverteu a decisão.
O desdobramento da operação, nesta quarta-feira (1°), acontece uma semana após a primeira audiência de instrução da operação El Patrón.
No dia 25 de setembro, quando estava prevista a última audiência de instrução, a sessão foi suspensa e remarcada para o dia 28 de novembro. A audiência foi adiada porque uma testemunha de defesa não pôde participar da sessão. A acusação indicou três testemunhas. Já a defesa do deputado indicou 77.