Raquel Dodge: os desafios que a nova procuradora herda de Janot

redação - 17/09/2017 - 18:12


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a futura procuradora-geral Raquel Dodge, durante reunião do Conselho Superior do MPF para analisar a proposta de orçamento - 25/07/2017 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Na segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) terá a sua primeira mudança de comando em quatro anos. Raquel Elias Ferreira Dodge, de 57 anos, será a primeira mulher a chefiar o órgão, assumindo o cargo apenas quatro dias depois de Rodrigo Janot ter denunciado pela segunda vez o presidente Michel Temer (PMDB), agora por obstrução de Justiça e organização criminosa. Com 30 anos de Ministério Público Federal e postura distante do atual chefe do órgão, ela assume em um cenário de crise política e institucional.

Pela frente, ela terá inquéritos e delações colocando sob suspeita membros dos Poderes Executivo, Legislativo e, mais recentemente, Judiciário. É a primeira vez que um presidente da república é denunciado durante o mandato — não uma, mas duas vezes. A última dessas denúncias, feita na quinta-feira, será responsabilidade de Raquel.

A nova procuradora-geral deverá decidir também sobre quais políticos pedirá investigação e, dependendo do resultado destes inquéritos, quais enfrentarão acusações formais. Entre eles há alguns com notável influência, como os ministros da Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência da República), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL).

Como nova presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Raquel deverá lidar também com interesses corporativos, os altos salários e benefícios da carreira no MPF, que incluiu em sua proposta de orçamento para 2018 um generoso aumento de 16,7% para os procuradores, muito acima das expectativas de inflação para o próximo ano (em torno de 4%). Caberá a ela trabalhar para que o Ministério do Planejamento inclua o reajuste no orçamento — pauta extremamente impopular.

Além disso, estarão em suas mãos decisões que influenciarão diretamente a Operação Lava Jato, que está na fase de apresentação de provas e depoimento das testemunhas. A defesa e manutenção da operação é o principal desafio em face da opinião pública. Seu papel, de não deixar que as investigações sejam abafadas por políticos que não desejam perder privilégios é uma das maiores responsabilidades de Raquel.

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