A reportagem do Giro de Notícias teve acesso ao processo movido pelo Município de Eunápolis, contra Instituto de Gestão e Humanização IGH, que já geriu o Hospital Regional de Eunápolis (HRE), e teve seu contrato encerrado pela Prefeitura de Eunápolis em agosto de 2025. O caso levou a uma crise na saúde do município, com falta de pagamento de profissionais e transferência da gestão para outra empresa, a IDES, que também levanta dúvidas.
Diante da crise deixada pela IGH e outras empresas terceirizadas, a prefeitura entrou com um processo trabalhista junto ao TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 5ª REGIÃO da VARA DO TRABALHO DE EUNÁPOLIS, com pedido de Tutela de Urgência contra o IGH - Instituto de Gestão e Humanização, com pedido de bloqueio de montante faltante de R$ 2.112.433,40, correspondente a quitação integral dos débitos trabalhistas de serviços médicos essenciais do Hospital Regional de Eunápolis que a IGH não havia pago até o fim da parceria com o município, em 17 de agosto de 2025.
Durante as tentativas de um acordo e muitas audiências se sucesso para o caso, a justiça do trabalho decidiu pelo bloqueio e retenção e depósito de valores, conforme reconhecido em documentação oficial, com um saldo contratual remanescente a ser repassado ao IGH, no valor de R$ 2.706.403,08. A municipalidade solicitou e obteve autorização judicial para reter esse montante, com o objetivo de destiná-lo ao pagamento de débitos trabalhistas e de serviços essenciais.
O saldo dos valores retidos pelo Município de Eunápolis depositados nos autos ficarão na conta vinculada ao presente processo, uma vez que poderão ser utilizados em futuras condenações das ações coletivas ingressadas pelos Sindicatos das categorias.
Durante as audiências caso cabulosos vieram à tona com indícios de fraudes praticadas com contratações de empresas e uso de pessoas como " laranjas " para a prática de atos empresariais.
O mais grave, é a inclusão de pessoas físicas e jurídicas, profissionais médicos da referida cidade, como "SÓCIOS" da empresa "quarteirizada MEDISERVICE, arrastando tais sócios a uma futura responsabilização, inclusive com seu patrimônio pessoal, no caso de execução futura de dívidas trabalhistas e fiscais da MEDSERVICE e das demais empresas de WESLEY RAFAEL DA SILVA, já que formam grupo econômico, com identidade de sócio.
Outro caso interessante foi o que ocorreu com a sócia da MEDSERVICE, a empresa FN SERVICOS MEDICOS LTDA, de propriedade do Médico Firmino RODRIGUES DIAS NETO, Na audiência do 22/09/2025, o citado médico ingressou na audiência pública e declarou que passava por dificuldades financeiras em razão do não pagamento de seus honorários e, de alto e bom som, declarou que nunca soube que fazia parte do quadro social da MEDISERVE, e que apenas entregou documentos a IGH - INSTITUTO DE GESTÃO E HUMANIZAÇÃO para pagamentos dos honorários. O vídeo e áudio da gravação das declarações do médico FIRMINO encontram-se armazenas com a certidão da ata de audiência.
Em pesquisa na Receita Federal, observa-se que a empresa, MEDSERVICE, que também tem WESLEY RAFAEL DA SILVA, como Administrador, possui os médicos do Hospital Regional de Eunápolis como sócios, sendo alguns colocados inclusive como administradores.
O capital social investido por tais “variando entre R$ 50,00 e R$ 200,00. A Cláusula 8ª do contrato social prevê que a administração da sociedade será exercida individualmente/conjuntamente e por prazo indeterminado pelo administrador não sócio WESLEY RAFAEL DA SILVA, que tem poder de admissões, retiradas ou exclusões de sócios, sem anuência escrita para tal.
Para o Juiz do Trabalho Substituto JEFERSON DE CASTRO ALMEIDA, está bem delineado que as empresas COOPERSAUDE (CNPJ, 27.462.798/0001-40, TECHSERVICE (CNPJ 46.594.546/0001-19), MEDSERVICE (CNPJ 30.349.969/0001-33) e a sua holding controladora WL ADMINISTRAÇÕES (CNPJ 23.352.588/0001-48), foram criadas por WESLEY RAFAEL DA SILVA , com o fim específico de fraudar relações trabalhistas, preconizando a mão de obra de profissionais da saúde, como bem já decidiu a Justiça do Trabalho de Goiás.
Diante da gravidade do caso, o Juiz do Trabalho Substituto JEFERSON DE CASTRO ALMEIDA, determinou que a Secretaria DA 5ª REGIÃO DA VARA DO TRABALHO DE EUNÁPOLIS, oficiasse o Ministério Público Federal, e a Receita Federal do Brasil e Polícia Federal, a fim de apurar as responsabilidades das empresas, uma vez que existem indícios de fraudes praticadas com contratações de empresas e uso de pessoas como " laranjas " para a prática de atos empresariais.
De acordo a determinação da Justiça o presente processo seguirá os seus trâmites normais, inclusive porque nos processos movidos pelos Sindicatos em face do Município de Eunápolis será apurada a má escolha da prestadora de serviço e a falta de fiscalização do contrato por parte do Município.
A IGH-Instituto de Gestão e Humanização foi alvo de operação da Polícia Federal no 21 agosto 2025, em Goiás e Salvador, por suspeitas de um esquema de desvio de verbas públicas no setor da saúde, com mandados de buscas e bloqueio de bens.
A Polícia Federal investiga a IGH por um esquema de desvio de R$ 5 milhões na saúde pública, que teria ocorrido entre 2022 e 2023, utilizando um plano de saúde privado pago com recursos públicos. A Operação ocorreu quatro dias após o fim do contrato da IGH com o município de Eunápolis, 21 de agosto de 2025.
Na operação a PF cumpriu três mandados de busca e apreensão contra o IGH, em Goiânia e Salvador, além de sequestrar mais de R$ 5 milhões de pessoas físicas e empresas ligadas ao esquema evolvendo ao Diretor-presidente do IGH, Joel Sobral de Andrade, suspeito de criar um plano de saúde privado em nome da própria filha
Os mandados foram expedidos pela 5ª Vara Federal. Ninguém foi preso até o momento. Os investigados devem responder por peculato, falsidade ideológica e lavagem de capitais. A Polícia Federal (PF) apura desvios de recursos públicos na área da saúde em Goiânia, ocorridos entre 2022 e 2023.
O caso envolve o Instituto de Gestão e Humanização (IGH), organização social que tinha contrato com o Governo de Goiás para administrar o Hospital Estadual da Mulher Dr. Jurandir do Nascimento (Hemu) e o Hospital Estadual e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (Hemnsl).
Este mesmo instituto voltou a ser notícias de investigação e teve a retenção pela justiça a pedido do município de Eunápolis da quantia de R$ 2.706.403,08, reconhecido como crédito remanescente da Reclamada IGH - INSTITUTO DE GESTÃO, devendo tal valor ficar retido em conta do próprio Município, mas a disposição desta Justiça para pagamentos de profissionais do HRE.
A Prefeitura de Eunápolis diante das reclamações no dia 11 de setembro emitiu uma nota informativa à população sobre as medidas tomadas após o término do contrato com a IGH,
NOTA INFORMATIVA À POPULAÇÃO DE EUNÁPOLIS
A Prefeitura Municipal de Eunápolis, em conformidade com o princípio da transparência na gestão pública, informa as medidas que estão sendo adotadas em relação ao Hospital Regional de Eunápolis (HRE), após o término do contrato nº 001/2025 com o IGH, responsável pela gestão do hospital.
Com o encerramento da parceria, em 17 de agosto de 2025, a administração municipal identificou pendências financeiras deixadas pela gestora (IGH), incluindo débitos com a equipe de profissionais.
Diante desse cenário, e com o objetivo de assegurar a continuidade dos serviços e garantir os direitos dos trabalhadores, o Município de Eunápolis adotou as seguintes providências:
Ajuizamento de Ação Judicial: Foi proposta a Ação Trabalhista nº 0000894-58.2025.5.05.0511 contra o Instituto de Gestão e Humanização – IGH, responsável pela contratação dos médicos. A ação visa assegurar a quitação das obrigações pendentes com os profissionais que atuaram no hospital.
Retenção e Depósito de Valores: Conforme reconhecido em documentação oficial, existe um saldo contratual remanescente a ser repassado ao IGH, no valor de R$ 2.706.403,08. A municipalidade solicitou e obteve autorização judicial para reter esse montante, com o objetivo de destiná-lo ao pagamento de débitos trabalhistas e de serviços essenciais.
3 - Manutenção dos Serviços: Para garantir que o atendimento à população não fosse interrompido, a gestão do Hospital Regional de Eunápolis foi retomada pela administração municipal, que vem atuando na regularização dos processos internos e no restabelecimento pleno das atividades assistenciais.
A Prefeitura de Eunápolis reitera seu compromisso com a manutenção e a qualidade dos serviços de saúde e informa que continuará adotando todas as medidas administrativas e judiciais cabíveis para a completa resolução da situação, em defesa do interesse público e dos direitos dos trabalhadores.
Houve um questionamento sobre o processo de transição para a nova empresa IDES, que não teria garantido transparência e participação da população ou da câmara de vereadores.
A reportagem não falou com a direção da IGH - INSTITUTO DE GESTÃO E HUMANIZAÇÃO e outras empresas aqui citadas e deixa o espaço aberto para que possam se manifestar se assim desejar.